A modelo de 23 anos Kerolyn Soares deslumbrou o mundo no último mês de setembro durante as Semanas de Moda de Milão e Paris desfilando por mais de 21 desfiles na temporada de 2020 internacional. Mas o que ninguém imagina é que a jovem que dá vida às peças milionárias, há pouco tempo trabalhava como manicure em Naviraí, no interior de Mato Grosso do Sul, para ajudar a renda da família.
A modelo desfilou para grandes marcas mundiais, como Versace, Max Mara, Missoni, Lanvin e Jil Sander, além de abrir os desfiles (honra para as melhores modelos) da Nina Ricci e da francesa Hermès. A estreia de Kerolyn foi em fevereiro, na temporada passada, para outro nome de peso: Prada.
A estrutura óssea marcante, o corte de cabelo estilo pixie e olhar penetrante, aliados a personalidade da jovem são os atributos que a destacam entre as demais modelos. Alinhados à tendência andrógina que vem tomando as passarelas durante a década, o sucesso repentino de Kerolyn é justificado. Mas, segundo ela, ser modelo requer muito mais trabalho duro.
Confira a entrevista completa abaixo:
Você era manicure e agora é uma modelo de alta costura, uma mudança de realidade bem distinta. Como foi o início da sua carreira? Ser modelo sempre foi um sonho ou foi uma oportunidade que apareceu?
Kerolyn Soares: Ser modelo sempre foi uma vontade no fundo do meu coração, mas nada com que fosse um sonho muito forte, até por que eu não me permitia sonhar, já que a condição financeira da minha família não conseguiria arcar com esse sonho. Mas uma agência de olheiros me descobriu, foi aí que decidi vender meu computador pra poder viajar pra São Paulo!
A maioria das pessoas imagina que ser modelo é algo fácil e que não demanda esforço além de fotografar. Outras imaginam que depois de descoberta, foi um passo até estar nos desfile da Prada, Versace, Hermés, Missoni…mas não é bem assim. Quais os prós e contras de ser uma modelo high-fashion?
K: Uma das profissões mais difíceis é ser modelo. Você muda toda sua vida, e até entender que você não tem uma rotina fixa é sofrido, fora ter que lidar com a distância de casa, e viajar o mundo todo em um mês. Parece maravilhoso mas é super exaustivo. Chegar na passarela da Prada, Chanel não é fácil, a pressão é constante, mas uma das coisas mais legais é poder aprender coisas novas todos os dias, é aprender a ser forte, ser independente financeiramente.
Como foi seu primeiro desfile em uma semana de moda expressiva? Qual foi a sensação de desfilar para grandes casas e ao lado de modelos de grandes nomes, como Gigi Hadid?
K: Meu primeiro grande show foi para Prada, eu fiquei a semana toda angustiada por não tinha certeza se realmente ia fazer, mas depois que eu fiz me senti realizada, eu senti que tava fazendo a coisa certa na minha vida, foi lindo! A Gigi (Hadid) é uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci, somos da mesma agência, então estamos sempre nos mesmos trabalhos, sempre nos encontramos!
Quais suas inspirações na indústria? Quais seus sonhos para o futuro?
K: Eu tenho várias inspirações, gosto muito de estar sempre estudando os criadores das grandes marcas que vemos hoje. Ver que eles criaram um império em uma época em que tudo provavelmente era muito mais difícil que hoje em dia é motivante! Meu sonho pro futuro é continuar trabalhando, e que eu nunca me canse disso, que sempre faça com amor!
Quais as dicas para as garotas que estão lendo essa matéria e sonhando em ser modelos de alta costura?
K: Independente da profissão que você queira pra sua vida, sempre saiba que a coisa mais importante é ter humildade, saber escutar conselhos de quem tem mais experiência, saber respeitar a todos, e sempre amar e ter orgulho de suas raízes.
Hoje eu estou aqui em Londres, mas amanhã eu posso voltar pra Naviraí, porque o futuro eu não controlo, então eu sempre vou respeitar minhas origens e minha família, para que se um dia eu precisar voltar, eu volte de cabeça erguida e com o amor de todos!