Desde o início da pandemia da Covid-19 em Mato Grosso do Sul até agora, 230 pessoas precisaram ser internadas em decorrência da doença e, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), desse total, 48 ocupavam leitos nesta sexta-feira (5). O número ainda é baixo, mas o titular da pasta, Geraldo Resende, estima que nos próximos dias haja um crescimento da demanda.
Dados do último boletim epidemiológico divulgado mostram que o Estado tem 1.997 casos confirmados da doença. Desse total, apenas 957 pessoas estão recuperadas e 21 morreram. As outras 1.019 continuam em tratamento, a maioria em casa.
Dos internados, o Estado contabiliza tanto os pacientes sul-mato-grossenses que estão em outras unidades da Federação como os que vieram de outros estados ou países e tiveram de ser hospitalizados em Mato Grosso do Sul. Com relação aos dados de sexta-feira, dos 48 internados, um era de Mato Grosso. Eles estavam distribuídos da seguinte forma: 30 estavam em leitos clínicos (16 público, 11 privado, mais três em outros estados) e 18 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (9 público, 8 no privado e mais um de outro estado).
“Seguramente vai aumentar, tivemos um acréscimo na macrorregião de Dourados, um aumento sustentável, que está se reproduzindo todo dia. Vamos precisar de uma retaguarda, principalmente dos leitos de UTI, porque a taxa de ocupação vai ter uma alta considerável, os próximos dias serão difíceis, vão deixar todos nós bastante incomodados”, afirmou Resende.
Segundo o secretário, esse aumento decorre de alguns fatores básicos, como a alta exponencial e constante na região de Dourados e a baixa adesão da população de Mato Grosso do Sul ao isolamento social. “As pessoas estão levando a vida como se nada estivesse acontecendo, estão tratando com desdém uma doença grave, que está vitimando uma parcela significativa do Brasil. A população está fazendo uma opção pela morte”.
Conforme dados do governo, o Estado registrou taxa de 37,3% de isolamento social na quinta-feira, o sétimo com o menor porcentual e muito longe ainda do recomendado pelas autoridades sanitárias, que pedem índice de 70% para evitar a proliferação rápida da doença.
“De nada adiantou as recomendações que estamos fazendo, as pessoas estão pagando para ver. Somente vão tomar decisões de nos acompanhar após perderem seus familiares e alguns suas vidas. Nenhum país conseguiu vencer essa doença e aqui no Estado temos uma desobediência séria, 37% é vergonhoso, uma parcela da população não dá valor à vida”, avaliou o secretário de Saúde.
O Estado tem hoje 229 leitos de UTI adulto do Sistema Único de Saúde (SUS) disponibilizados para tratamento de Covid-19, desse total, 12 estavam em uso na sexta-feira. Já em relação aos leitos clínicos, 670 são destinados para pacientes com a doença e 55 eram utilizados até sexta. Alguns estão sendo usados por pacientes com outros tipos de enfermidade.
DOURADOS
A cidade de Dourados foi novamente a que mais registrou casos da Covid-19 em 24 horas. De quinta-feira (4) para sexta-feira (5), foram mais 27 registros e o município já contabiliza 446 casos da doença, sendo a cidade com o maior número de episódios do Estado, com quase 100 a mais que Campo Grande (que tem 351), cidade com quatro vezes mais habitantes.
Os municípios do entorno também geram preocupação, já que cinco estão entre as cidades com o maior índice de casos confirmados por 100 mil habitantes – Douradina em segundo, Fátima do Sul em terceiro, Vicentina em quarto, Itaporã em quinto e Rio Brilhante em sétimo. Guia Lopes da Laguna permanece como a cidade com a maior incidência.
Por conta disso, o secretário afirmou que novos leitos devem ser implantados na região em até 45 dias. Conforme o gestor, serão 20 leitos de UTI e 70 clínicos, sendo 15 de UTI para o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e 5 de UTI para Naviraí. Já as vagas clínicas serão 60 em Dourados e 10 em Naviraí. Todos esses leitos serão construídos por meio de doações.
Resende ainda informou que aguarda resposta do Ministério da Saúde sobre a remessa de 20 respiradores, para que seja criada, também na região de Dourados, uma área de atendimento especificamente para atender os indígenas.
“Queremos implantar esse leitos o mais rápido possível, é uma guerra que vamos avançando devagar, mas com avanço consistente”, avaliou o secretário.
Oitava morte em Campo Grande
Campo Grande registrou o oitavo óbito por Covid-19 – o 21º do Estado. Trata-se de uma mulher de 51 anos, que estava em isolamento domiciliar e faleceu na noite de quinta-feira, após dar entrada em uma UPA. A vítima apresentou os primeiros sintomas no dia 26 de maio, com relatos de febre e dor de garganta. A confirmação diagnóstica ocorreu no dia 29, por meio de teste de biologia molecular, sendo recomendado isolamento domiciliar. Na quinta-feira, ela relatou tonturas em seu domicílio (zona rural), evidenciando “respiração ofegante”, e foi levada por familiares a uma UPA, por volta de 21h30min, com baixa oxigenação, evoluindo para parada cardiorrespiratória e óbito.