Por Ricardo de Oliveira
O Brasil pode “inundar” o mercado mundial de açúcar a partir de 2025, segundo estudo do executivo Soren Jensen, ex-diretor operacional da maior trading do setor no mundo, a Alvean. Mas, o que isso tem a ver com o etanol? Tudo.
No estudo de Jensen, o Brasil terá uma queda no consumo de etanol devido à eletrificação. A pesquisa, feita com Mariana Perina Jirousek, aponta que até 2035, o consumo do combustível cairá 40% do volume atual.
Além disso, entre 2035 e 2040, haverá mais 20% de queda, restando então 40% da produção atual do produto. Com menor demanda por etanol, os usineiros terão que compensar com a produção de açúcar. O etanol chega a representar mais de 50% da cana moída no país.
Como o Brasil é o maior produtor mundial do produto, países como Índia e Tailândia sofrerão grande impacto com o aumento da demanda de açúcar no mercado internacional.
Isso derrubará a cotação global e elevando os custos desses produtores, que já são mais altos que no Brasil. Outro fator será a redução do consumo de açúcar nos mercados como EUA e Europa, onde as pessoas reduzirão o consumo em busca de melhora na qualidade de vida.
Mas, em relação ao combustível, a queda é evidenciada pelo aumento da eletrificação veicular. Jansen disse: “Está claro que uma adaptação das novas tecnologias representará uma ameaça significativa para o setor de processamento de cana-de-açúcar do Brasil”.
Em relação à eletrificação, o estudo considera os carros elétricos diretamente e num pior cenário, segundo o estudo, os carros híbridos plug-in afetarão mais a demanda pelo combustível.
Hibridização no Brasil
Como já se sabe, o Brasil ainda não tomou uma posição (política) em relação à eletrificação. Os fabricantes, por sua conta, apostam no híbrido flex inicialmente, mas não todos.
Outros acreditam no etanol como combustível para células e híbridos plug-in. Para uma parte, contudo, não haverá solução, dada que as estratégias globais envolvem portfólios 100% elétricos.
A oferta de gasolina para os carros flex deverá mantê-los ainda por um bom tempo no mercado, visto que a adoção de motores puramente à etanol perdeu força com a desistência de um grande fabricante.
Sem um ponta-pé de um player de peso, como aconteceu com o carro flex, essa tecnologia não decolará e a hibridização entrará na pauta, reduzindo naturalmente o consumo de álcool, já que as médias feitas pelos híbridos é muito superior aos dos carros comuns, cessando totalmente com os elétricos (Notícias Automotivas, 11/6/21)