Após dois meses seguidos de crescimento, as vendas do comércio varejista caíram 1,7% na passagem de maio para junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (11), na maior retração do setor neste ano e a segunda maior para um mês de junho desde o início da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), em 2000.
Com o resultado do mês, o varejo se encontra 2,6% acima do patamar pré-pandemia, segundo o instituto. No primeiro semestre, o setor acumula 6,7% e, nos últimos 12 meses, 5,9%. Na comparação anual, o comércio varejista mostra avanço de 6,3% -- quarto crescimento consecutivo.
Cinco das oito atividades investigadas pela pesquisa tiveram queda de um mês para o outro, com destaque para o setor de tecidos, vestuário e calçados (-3,6%), que havia registrado aumentos em abril (16,3%) e maio (10,2%). Segundo o instituto, deve-se considerar que algumas atividades mostram maior queda, pois tiveram certa recuperação nos meses anteriores, o que eleva a base de comparação.
Também tiveram queda na passagem do mês outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,6%), combustíveis e lubrificantes (-1,2%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5).
Na parte das altas, fica o setor de livros, jornais, revistas e papelaria (5,0%), com o terceiro resultado positivo consecutivo. Vale dizer que, mesmo os aumentos, o setor não conseguiu recuperar o que perdeu na primeira parte do ano, quando acumulou perdas de 22,8%.
Também cresceram em junho móveis e eletrodomésticos (1,6%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,4%).
No comércio varejista ampliado -- que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças e material de construção --, por sua vez, o volume de vendas caiu 2,3% em relação a maio.
"A retração desconta parte do aumento de 3,2% registrado no mês anterior. Nessa comparação, veículos, motos, partes e peças variou -0,2% em junho, enquanto material de construção cresceu 1,9%", diz o IBGE.
"O resultado é decepcionante", diz André Perfeito, economista-chefe da Necton, em nota. A expectativa em pesquisa da Reuters, por exemplo, era de avanço de 0,7% na comparação mensal e de 9,1% sobre um ano antes.
Segundo Perfeito, o resultado pode ser explicado, em parte, por revisões para cima do mês anterior, que saiu de uma alta de 1,4% para uma alta de 2,7% de maio. "O mesmo não pode ser dito do varejo ampliado", diz.
"Esse resultado pode trazer certo desconforto ao governo que deverá insistir em estímulos fiscais para o ano que vem e para este ano também".
*Publicado por Ligia Tuon