Durante homenagem, amigos usaram camisetas com a pergunta: Quem Matou Matheus? (Foto: Henrique Kawaminani)
A execução de Mateus Xavier Coutinho, de 20 anos, morto com sete tiros de fuzil AK no dia 9 de abril em Campo Grande, envolveu uma rede de hackers, contratada dias antes para monitorar os passos do pai do estudante de Direito, o capitão reformado da Polícia Militar Paulo Xavier. Um homem chegou a ser interrogado, confessou a participação, mas foi liberado
Ao Campo Grande News, uma pessoa ligada à família, que pediu para não ter o nome divulgado, revelou que três dias depois da morte de Mateus a polícia chegou ao homem que foi contrato para monitorar Paulo Xavier em tempo real, através do celular. O suspeito foi levado a DEH (Delegacia de Homicídios), admitiu ter sido contratado e contou que, por não ter experiência nesse tipo de trabalho, recorreu a um grupo de hacker para cumprir o acordo.
O rapaz relatou que foi contrato depois de publicar um anúncio oferecendo serviços de formatação de computadores e também de detetive. O pedido era para que ele monitorar em tempo real o capitão reformado e depois repassar as informações.
Ele foi em busca de alguém com experiência no serviço e a resposta veio de outro estado. Por WhatsApp ele combinou com o desconhecido um valor para que ele fizesse o rastreamento remoto. A solução encontrada pelo hacker foi se passar por mulher e tentar marcar um encontro com o alvo para coletar o maior número possível de informações.
Xavier, no entanto, não foi ao encontro e acabou descobrindo pelo próprio hacker a verdade sobre o contato e tentativa de emboscada e que "alguém queria fazer mal" a ele. Caso tivesse aparecido, morreria cerca de um mês antes da execução do filho.
Depois da morte de Mateus, a polícia teve acesso ao celular do capitão e as conversas, por isso conseguiu localizar o suspeito de contratar o trabalho pela internet.
Ouro de Ofir - Ele foi levado à delegacia pela Polícia Militar e lá um fato curioso chamou atenção. O homem foi surpreendido pela presença de dois advogados, ambos ligados à Operação Ouro de Ofir, que em 2017 desarticulou e prendeu integrantes de uma quadrilha responsável por aplicar golpes em mais de 60 mil pessoas pelo País. As vítimas eram convencidas a “adiantar” um aporte de R$ 1 mil e em troca teriam direito a receber mil vezes o valor antecipado, referentes à compra e venda de uma grande quantidade de ouro.