Como forma de preservar a vida, prevenir o agravamento e possibilitar a recuperação em situações de emergência, homens e mulheres em situação de prisão na Capital estão sendo capacitados em Primeiros Socorros. As orientações podem ser aproveitadas dentro e fora da unidade penal.
A iniciativa acontece através da parceria da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da Divisão de Assistência Educacional, e a Cruz Vermelha Brasileira de Mato Grosso do Sul.
Com carga horária de 12 horas, as aulas ministradas com nove turmas de alunos da Escola Estadual Pólo Regina Lúcia Anffe Nunes Betine, que oferece ensino regular nas unidades penais de Campo Grande, totalizando 207 reeducandos dos seguintes presídios: Centro de Triagem “Anízio Lima”, Instituto Penal de Campo Grande (IPCG) e Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ).
A capacitação teve início em março e encerra neste mês de maio; todos os participantes receberão certificados com validade em todo o território nacional.
Com instruções teóricas e práticas, o curso abrange procedimentos básicos de primeiros socorros, questões de apoio psicossocial, biossegurança e métodos adotados em casos de desmaios, engasgos, hemorragias, queimaduras, fraturas, entorses e outras situações de emergência que qualquer pessoa pode enfrentar no dia a dia.
Segundo a instrutora Núbia Daniela de Souza Calaça, o objetivo é desenvolver esse projeto social para capacitar os reeducandos para se auxiliarem em casos de acidentes. “Sabemos que os primeiros minutos são cruciais em vítimas de parada cardiorrespiratória, por exemplo. Neste caso, precisa iniciar as massagens cardíacas em até quatro minutos, e sabemos que é muito difícil o socorro chegar nesse tempo, por isso esse conhecimento é essencial”, destaca Núbia.
A instrutora explica que, embora o tempo seja curto e o cronograma bem extenso, as aulas são desenvolvidas de forma bem dinâmica, com aulas teóricas e práticas. “Todos os internos têm interagido bastante e tirado todas as dúvidas e isso é muito bacana”, complementa.
O interno Jefferson Cosmo da Silva Francisco, 26 anos, revela que todos esses conhecimentos são inéditos para ele. “Esse aprendizado trouxe uma experiência de vida mesmo, é uma oportunidade importante, porque vai contribuir muito quando precisarmos”, afirma, garantindo que agora está apto para ajudar alguém que esteja em uma situação crítica.
As orientações também são novidades para o reeducando Francisco Luciano da Silva Neto, 52 anos. “É a primeira vez que participo desses ensinamentos e foi muito proveitoso”, revela o interno que encontrou dentro da unidade penal oportunidades de se qualificar – “participo de várias capacitações, voltei a estudar depois de 34 anos longe da escola e isso tem aberto a minha mente para olhar minhas atitudes, reconhecer meus erros e me corrigir dia a dia”, agradece.
Conforme a diretora do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, Mari Jane Boleti Carrilho, o curso teve total interação das internas, tanto na prática como na teoria. “Elas puderam sanar suas dúvidas sobre os temas abordados, tanto com os materiais específicos, como no improviso, estando aptas a prestar um socorro, caso seja necessário, até a chegada do atendimento especializado”, destaca a diretora.
De acordo com o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, o intuito dessa iniciativa é garantir a saúde e qualidade de vida dos custodiados. “É importante que todos estejam preparados para tomar as primeiras providências necessárias, em casos de emergências, e evitar maiores consequências”, declara o dirigente.