O FBI encontrou materiais que descreviam as defesas militares de um governo estrangeiro, incluindo suas capacidades nucleares em meio aos documentos ultrassecretos apreendidos na casa do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, em Mar-a-Lago, na Flórida, no mês passado.
Alguns dos documentos apreendidos detalham operações tão ultrassecretas dos EUA que muitos altos funcionários da segurança nacional não têm autorização para manuseá-los. Somente o presidente, alguns membros de seu gabinete ou um funcionário próximo ao gabinete poderiam autorizar outros funcionários do governo a conhecer detalhes desses programas.
Os documentos deveriam ser mantidos a sete chaves, quase sempre em uma instalação de informações compartimentada segura, com um oficial de controle designado para manter um controle cuidadoso de sua localização. Mas foram armazenados em Mar-a-Lago, com segurança incerta, mais de 18 meses depois de Trump deixar a Casa Branca, em uma ação que pode implicar a violação de diversas leis de segurança do país, incluindo a Lei de Espionagem.
A investigação é cercada por tanto segredo que o governo estrangeiro em questão não foi identificado, tampouco onde em Mar-a-Lago o documento foi encontrado. Não há detalhes adicionais sobre a investigação, uma das mais delicadas da história do Departamento de Justiça.
O Departamento de Justiça sustenta que esses documentos ultrassecretos "provavelmente foram retidos" para obstruir uma investigação do FBI sobre um possível manuseio incorreto de materiais confidenciais pelo ex-presidente. Por lei, todo presidente tem que devolver os documentos relativos ao seu mandato, pois são de propriedade do governo e não do presidente, como tenta alegar a defesa de Trump.
Segredos
Quando os agentes revistaram a mansão de Mar-a-Lago, encontraram material tão secreto que até mesmo o pessoal de contra inteligência do FBI e os advogados do Departamento de Justiça que conduziam a revisão exigiram autorizações adicionais antes que pudessem revisar certos documentos.
Christopher Kise, advogado de Trump, denunciou vazamentos sobre o caso, que ele disse que "continuam sem respeito pelo processo nem qualquer consideração pela verdade real. Isso não atende bem aos interesses da justiça". Porta-vozes do Departamento de Justiça e do FBI se recusaram a comentar.
O Escritório do Diretor de Inteligência Nacional faz uma avaliação de risco, para determinar quanto dano potencial foi causado pela remoção da custódia do governo as centenas de documentos confidenciais.
Em 26 de agosto, o Departamento de Justiça publicou uma versão editada do documento que defendeu a necessidade de uma busca e apreensão na casa de campo do ex-presidente. Na versão, o FBI revelou que os dados em posse de Trump podiam comprometer a segurança de agentes secretos dos Estados Unidos. O FBI também recuperou 48 pastas vazias que estavam marcadas como contendo informações confidenciais, o que levanta dúvidas se o governo recuperou totalmente os documentos ou se algum ainda permanece em falta.
Nesta semana, uma juíza concedeu o pedido de Trump para nomear um observador independente para revisar todo o material apreendido. Enquanto este trabalho não for concluído, as investigações não poderão avançar. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.